jogos de celulares e tablets
Até o final de 2009, ninguém imaginava dispositivos eletrônicos com jogos excelentes, que não fossem computadores ou consoles. Apenas um ano depois o cenário desta história está bastante diferente. A revelação das capacidades gráficas do iPad fez com que muitos desenvolvedores abrissem os olhos para um mercado potencial que surgiu.
Desde o lançamento do slate da Apple e dos concorrentes com Android, o mercado de games passou a enxergar um novo tipo de público: os usuários de tablets que querem se divertir por alguns minutos, mas não querem compromisso com o jogo comprado (o famoso peso na consciência por pagar caro por algo que não é usado).
Hoje, os proprietários de tablets da Apple possuem acesso a um acervo de jogos muito superior (em questões numéricas) aos principais consoles da atualidade. Na verdade, se somados os principais consoles da história (desde as primeiras plataformas), os números não batem a App Store da Apple.
O estudo
Richard Gaywood (do blog não oficial da Apple, TUAW) realizou uma pesquisa para provar que o iOS possui suporte a mais games do que qualquer outra plataforma já criada. Para isso, sua principal fonte foi a Wikipédia, por isso os números obtidos podem estar um pouco desatualizados.
Os números referentes à história dos consoles mostraram que, somados, Nintendo Entertainment System e Super Nintendo Entertainment System (NES e SNES), Master System, Mega Drive, Sega Saturn, Playstation (1, 2 e 3), Xbox (1ª geração e 360), GameCube, Wii, XNA, XBLA, Gameboy, Gameboy Advance, Nintendo DS e PSP possuem 17.981 jogos lançados.
Deve ser levado em consideração o fato de que estes video games já estão no mercado desde meados da década de 1980. Já o iOS (sistema operacional utilizado nos portáteis da Apple) foi lançado em 2007. Ou seja, possui, pelo menos, 20 anos a menos que os consoles comuns que foram analisados no estudo.
E enquanto os primeiros somam 17.981 games, os proprietários de iPods Touch, iPads e iPhones podem ter acesso à incrível quantia de 51.856 jogos. Exatamente, este valor representa quase o triplo do acervo disponibilizado nas plataformas convencionais.
Mas e as demos?
Usuários do Baixaki que contestarem estes números têm certa razão, pois a App Store da Apple diferencia as versões Lite (demonstrativas) das versões completas, fazendo com que cada uma delas represente um número na contagem final. Logo, para uma disputa mais justa, todos os Lites devem ser tirados da lista.
Com um total de 12.876 jogos Lite subtraídos, restam 38.980 games disponibilizados. Mas para deixar tudo ainda mais justo, vamos retirar também os jogos gratuitos que os usuários podem baixar. Portanto, são retirados mais 6.542, deixando como resultado final: 32.438 jogos pagos. Quase o dobro do número somado das outras plataformas.
Os preços
Um dos principais atrativos para os jogos dos portáteis é o preço cobrado por eles. Enquanto jogos recém-lançados para consoles não atendem a valores inferiores a 50 dólares, a média de preços dos jogos para smartphones e tablets é de apenas 1,24 dólares (valor médio para games de iPhone).
Lógico que esses valores são reduzidos devido aos custos de produção. Enquanto um dos apps mais baixados em várias plataformas portáteis, como o Angry Birds (iOS e Android) custa em torno de 70 mil euros, games para consoles podem chegar às marcas de 80 milhões de dólares, como é o caso do novo Gran Turismo (PS3).
O que você quer de Natal?
Outra pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou resultados que, há algum tempo, qualquer um julgaria como fantasiosos. Crianças de duas faixas etárias foram indagadas sobre o que gostariam de ganhar de presente pelos próximos 6 meses (o que engloba, especificamente, o Natal).
Fonte: The Nielsen Company
Realizada pela Nielsen Company (EUA), esta pesquisa chegou aos seguintes resultados: crianças de 6 a 12 anos deixaram de lado outros brinquedos e video games, escolhendo o iPad como presente ideal. O tablet da Apple foi citado por 31% dos entrevistados, ficando muito à frente de consoles como Playstation 3 (21%), Wii (18%) e Kinect (14%).
A mesma pergunta foi feita para adolescentes entre 13 e 18 anos. Os resultados foram um pouco diferentes: computadores, televisores e smartphones ganharam mais votos do que os iPads, que ficaram em quarto lugar (com 18%). Mesmo assim, o slate ficou bastante acima de consoles, como o PS3 que teve 13% e o Xbox 360 que teve apenas 8%.
Fonte: The Nielsen Company
Tendo estes dados em mãos (somados aos números de unidades de aparelhos com o sistema operacional iOS vendidos), as produtoras de games não podiam deixar de participar de um mercado tão promissor.
Jogo portátil não é jogo casual
Esta entrada de produtoras com mais recursos possibilitou que surgisse um novo modo de criação de games para os portáteis. É claro que ainda existem os jogos mais casuais, que são mais utilizados como passatempos, sendo rodados por alguns minutos na fila do banco, por exemplo.
Mas ao mesmo tempo, jogos com gráficos arrasadores e jogabilidades muito mais complexas foram criados e começaram a chamar a atenção daqueles jogadores que sempre se interessaram por games bem elaborados e com longas narrativas e enredos.
Um ótimo exemplo (talvez o melhor deles) é Infinity Blade. Um RPG para iPads e iPhones com gráficos tão avançados que podem ser confundidos com os oferecidos por um Playstation 2. O melhor de tudo é que este game, mesmo com todos os seus atributos, custa apenas 5,99 dólares. O que nos leva a um outro ponto muito importante.
Combate à pirataria
Quem se recusaria a pagar 10 reais por um jogo excelente? É com base nessa ideia que a Apple sustenta sua loja de aplicativos. Como já dissemos, a média de preços cobrados pelos jogos não passa de 1,5 dólar. Até mesmo jogos mais elaborados, como Resident Evil, Sonic, Street Fighter e Need For Speed, podem ser encontrados por preços baixos.
Hoje, devido aos altos preços cobrados, grande parte dos games de plataformas possuem poucos exemplares vendidos. Para pagar mais de 100 reais em um disco, os jogadores precisam ter muita certeza de que aquele título realmente vale o investimento, por isso recorrem a locadoras, resenhas na internet e vídeos antes de comprá-los realmente.
Até multiplayer
Um ponto que muitos utilizavam para atacar o sistema operacional da Apple em relação aos jogos era a limitação em relação ao número de jogadores, pois todos só podiam ser utilizados por uma única pessoa de cada vez. Então surgiu o Game Center e este argumento foi por água abaixo.
A rede social de games dos portáteis permite adicionar amigos, jogar online e comparar resultados, da mesma maneira que a PSN (da Sony) permite aos proprietários de PSPs e PS3. Isso só contribui para corroborar o iOS como uma plataforma tão indicada para games quanto qualquer outro sistema operacional de computadores.
Só iOS?
Neste artigo estamos utilizando os portáteis da Apple como base, devido ao número gigantesco de aplicativos disponíveis, mas quem está pensando em comprar um Android não precisa ficar triste. Os jogos mais populares para iOS já estão sendo transportados para o sistema operacional da Google.
Angry Birds faz parte desta história. Disponível para as duas plataformas, ele já foi baixado mais de 50 milhões de vezes. O que significa, em média, 200 milhões de minutos jogador por dia. Não é à toa que o game arrecada 1 milhão de dólares por mês com anúncios embutidos nas partidas.
Correndo por baixo: jogos sociais
Facebook e Orkut, as duas redes sociais mais famosas entre os brasileiros, também têm uma boa parcela de usuários com cadastros em jogos (um Império dos Joguinhos chega a ser considerado). Diferentemente dos jogos portáteis, estes joguinhos (geralmente em Flash) possuem o foco na comunhão de usuários em busca de objetivos comuns.
Com cadastro gratuito, o movimento de dinheiro relacionado a estes games não está na venda de discos ou chaves de registro, mas sim nos adicionais. Todos podem acessar várias funções dos games, sem problemas. Mas só quem pagar poderá obter novos itens, por exemplo.
Deste modo, há jogos que movimentam milhões de dólares mensalmente. Como é o caso do Pet Society, game para Facebook que possui mais de 20 milhões de usuários cadastrados, chegando a vender, em média, 90 milhões de produtos virtuais por dia.
O fim dos consoles?
Podemos afirmar que não. Os públicos de video games são fieis e ainda não encontraram nos tablets uma verdadeira forma de substituir os consoles. Alguns pontos que devem ser levados em consideração: ainda não há como simular um controle de 12 botões em uma tela sensível ao toque.
Além disso, a capacidade de armazenamento de um disco Blu-ray (como os utilizados pelo PS3) é de 50 GB, um pouco menor do que a capacidade máxima de armazenamento de um slate Apple (64 GB). Isso limita as dimensões dos games, ainda mais pelo fato de todos serem baixados da internet. Ou seja, jogos muito pesados levariam muito tempo para serem transferidos.
.....
Como já dissemos, os jogadores de consoles não precisam ficar preocupados com possíveis faltas de jogos para suas plataformas, pois as produtoras sabem que os dois mercados são bastante diferentes. Mas é preciso saber que a indústria de games portáteis está crescendo e conquistando cada dia mais públicos.
Mesmo assim, é preciso lembrar que os públicos dos dois modelos (consoles e portáteis) são diferentes. Enquanto aqueles que são apaixonados por consoles "fixos" gostam de jogar contra seus amigos na sala de casa, com televisores grandes e sons potentes. Os donos de tablets preferem os comandos por toques na tela, que mesmo com dimensões limitadas, se adequa a apenas um jogador.
Os mais relevantes desse grupo “alternativo” acabam sendo, em sua maioria, dispositivos portáteis e, quase sempre, são, também, telefones celulares.
O Xperia Play
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iPhone/iPod Touch
Sua tela é do mesmo tamanho que a de um PSP Go. O aparelho é leve e fino, especialmente o iPod. Existem muitos títulos disponíves na loja de aplicativos e jogos da Apple, a App Store. Muito são versões lite, gratuitas (na verdade, eu diria que são demos disfarçadas) e outros, principalmente os jogos mais hardcore, são vendidos a preços muito convidativos. Sonic The Hedgehog 4, por exemplo, foi lançado primeiramente para iPhone/iPod Touch. Foi a primeira plataforma na qual eu testei o game, que veio com recursos exclusivos e fases que utilizavam o giroscópio/acelerômetro dos aparelhos. Comprado pelo valor módico de US$ 9,90.
Um jogo que me chamou muito a atenção na época de seu lançamento foi a versão de Street Fighter 4 para os portáteis da Apple. Vendido também por US$ 9,90, o game deixa muito claras suas limitações para a execução de jogos mais elaborados. A falta de botões torna os comandos imprecisos. É estranho tentar disparar um Shoryuken pela tela multi touch. O poder de processamento para jogos do gênero também deixa a desejar. Personagens pré-renderizados, cenários estáticos, sem nenhuma animação… mas daí você me diz: “o que você queria?! O jogo custou US$ 9,00!!!” O fato é que, quando você vê o “mesmo” game no Nintendo 3DS, você diz: “era isso que eu queria”, mesmo que tenha que pagar um pouco mais caro. Quanto custa o prazer da diversão?
iPad
Sendo “curto e grosso”: o iPad não me conquistou como plataforma de jogos. É claro que alguns games casuais podem ficar muito bem no aparelho que mais parece um tabuleiro eletrônico. Mas os demais… definitivamente é muito estranho jogar no iPad. Até quebra um galho, dependendo da situação. Mas a falta de botões atrelada ao seu formato nada ergonômico e peso faz com que seja pouco interessante jogar alguns games projetados para o iPad e, principalmente, os jogos projetados para iPhone, que também rodam no aparelho. Nem mesmo os jogos de corrida me “pegaram”. O tablet da Apple é um pouco pesado e mantê-lo suspenso por algum tempo cansa um bocado. Já que é para se exercitar jogando, que isso seja feito com um Kinect!
Galaxy Tab
Correndo por fora, surge o tablet da Samsung. O aparelhinho impressiona ao executar alguns jogos (destaque para o game em português N.O.V.A. HD, da Gameloft). Sua leveza e tamanho promove uma experiência bem mais prática que a conseguida com o Apple iPad. E sua tela de 7 polegadas eleva o nível da jogatina portátil para algo bem diferente do que é jogar nas pequenas telas dos celulares. Acredito que, na prática, seja a melhor das 4 opções como plataforma alternativa de jogos. Vale lembrar que o aparelho opera com Android Froyo 2.2 e nem todos os jogos para o sistema trabalham perfeitamente com resoluções mais altas, o que reduz muito a quantidade ou a qualidade dos games à disposição.
Veredito final
As plataformas alternativas estão entre nós e quebram um baita galho quando queremos passar o tempo jogando alguma coisa e estamos longe de nossos consoles prediletos. O iPhone/iPod Touch possui uma extensa biblioteca de games. No iPad nem sempre é viável jogar, especialmente fora de casa. O Galaxy Tab é capaz de produzir algo completamente diferente dos demais portáteis mas bons jogos ainda estão um pouco escassos. Se você só quer jogar de vez em quando e não quer carregar um celular + um videogame portátil, o iPhone deve lhe atender (com o perdão do trocadilho). Se você quer levar consigo um tablet multifunção que também é capaz de executar bons games, o Tab da Samsung é o seu produto! No entanto, se você pretende investir numa dessas plataformas (ou num iPod ou num iPad) SÓ PARA JOGAR…. bem, eu acho que esperar pelo Xperia Play seria o melhor negócio.